IA e energia: a nova equação do século XXI
- REDAÇÃO H2RADAR
- 16 de abr.
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A inteligência artificial, ao mesmo tempo que revoluciona processos produtivos, científicos e sociais, impõe uma pressão crescente sobre a infraestrutura energética mundial. É o que aponta o novo e abrangente relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), Energia e IA, que traça um panorama inédito sobre os impactos da IA na matriz elétrica global. Segundo o documento, a demanda por eletricidade de data centers deverá mais do que dobrar até 2030, atingindo cerca de 945 terawatts-hora (TWh) — volume equivalente ao consumo elétrico atual do Japão.
Grande parte desse crescimento será impulsionado pela ascensão de data centers otimizados para IA, cuja demanda por eletricidade deverá quadruplicar no mesmo período. Nos Estados Unidos, por exemplo, os data centers poderão responder por quase metade do crescimento da demanda elétrica até o fim da década, superando o consumo de setores industriais intensivos em energia como alumínio, aço e cimento. Cenário semelhante se projeta para outras economias avançadas, onde os data centers devem ser responsáveis por mais de 20% do aumento na demanda de energia.
Embora a eletricidade adicional venha de múltiplas fontes, o relatório prevê que as energias renováveis e o gás natural assumirão protagonismo, devido à competitividade e disponibilidade em mercados estratégicos. No entanto, a velocidade e o custo dessa expansão permanecem incertos, pressionando governos, operadoras de rede e investidores a agir com rapidez e visão sistêmica.

IA: ameaça, solução e catalisador de uma nova era energética
Ao mesmo tempo em que representa um novo eixo de consumo intensivo, a inteligência artificial também é apontada pela AIE como uma ferramenta poderosa de transformação positiva no setor energético. Com sua capacidade de análise em tempo real e aprendizado contínuo, a IA já começa a reduzir custos operacionais, emissões de gases de efeito estufa e riscos sistêmicos. Seu uso no monitoramento de redes, previsão de demanda, manutenção preventiva e modelagem climática pode tornar o sistema energético mais eficiente, resiliente e flexível.
O relatório, porém, não ignora os riscos. A IA pode intensificar vulnerabilidades existentes, como a dependência de minerais críticos — cujos estoques são concentrados em poucos países —, e potencializar ameaças cibernéticas, com ataques a concessionárias de energia tendo triplicado nos últimos quatro anos. Em contrapartida, a própria IA se torna uma aliada estratégica no combate a essas ameaças, ao aprimorar a cibersegurança das infraestruturas críticas.
Além disso, a tecnologia emerge como um acelerador de inovação. Aplicada à pesquisa, pode catalisar descobertas em baterias, energia solar fotovoltaica e novos materiais, tornando-se peça-chave na transição energética. Para isso, a AIE recomenda uma agenda coordenada de investimentos em geração elétrica, modernização de redes, aumento da eficiência dos data centers e colaboração estreita entre governos, setor tecnológico e indústria energética.