IRENA: Avanços energéticos globais esbarram em desigualdades regionais e desafios de financiamento
- REDAÇÃO H2RADAR
- 9 de jul.
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O Relatório de Progresso Energético de 2025, divulgadopela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), revela uma fotografia ambivalente da transição energética global. Embora quase 92% da população mundial tenha agora acesso básico à eletricidade — um avanço inegável — o caminho até o acesso universal permanece incerto. Mais de 666 milhões de pessoas seguem à margem, e a taxa de expansão atual é insuficiente para que se atinja a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7 até 2030. Em um cenário pressionado por legados da pandemia, choques energéticos e crises de endividamento, o relatório lança um alerta: sem uma aceleração coordenada e um reforço dos fluxos financeiros internacionais, a transição energética corre o risco de aprofundar desigualdades regionais.
A urgência da energia descentralizada e da cozinha limpa no combate à pobreza energética
Uma das constatações centrais do relatório é o papel transformador das soluções energéticas descentralizadas. Em especial, minirredes e sistemas solares isolados têm demonstrado eficácia crescente ao alcançar populações em áreas rurais remotas, onde os modelos tradicionais de eletrificação se mostram logisticamente inviáveis ou economicamente insustentáveis. A experiência recente comprova que essas tecnologias, além de escaláveis e de rápida implementação, oferecem um caminho realista para acelerar o acesso à energia em regiões frágeis, como o interior da África Subsaariana, onde reside 85% da população mundial sem eletricidade.
A transição energética, no entanto, não se limita à luz. O acesso a cozinhas limpas — um indicador crítico de saúde e desenvolvimento — ainda avança em ritmo lento. Mais de 2 bilhões de pessoas dependem de combustíveis como lenha e carvão para cozinhar, com graves consequências para a saúde e o meio ambiente. O relatório destaca que soluções como usinas de biogás domésticas e o uso de eletricidade descentralizada para cocção têm potencial para reverter esse quadro. Mas, para isso, será necessário investir de forma direcionada em tecnologias acessíveis, especialmente em áreas rurais.
Os dados mais otimistas vêm dos fluxos financeiros internacionais em apoio à energia limpa, que cresceram pelo terceiro ano consecutivo, alcançando US$ 21,6 bilhões em 2023. A capacidade instalada de renováveis per capita também atingiu novo recorde nos países em desenvolvimento. No entanto, a média de 341 watts per capita contrasta fortemente com os 40 watts observados na África Subsaariana — um abismo que evidencia a urgência de mecanismos financeiros mais inclusivos.





