Livro traça panorama estratégico do hidrogênio e aponta caminhos para o Brasil na transição energética
- REDAÇÃO H2RADAR
- 6 de mai.
- 2 min de leitura

Com o avanço da crise climática e a corrida por alternativas energéticas sustentáveis, o hidrogênio renovável vem reconquistando protagonismo nas agendas industriais e políticas ao redor do mundo. O livro A Economia do Hidrogênio – Transição, descarbonização e oportunidades para o Brasil, elaborado por pesquisadores do GESEL (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) - UFRJ e da PUC-Rio, oferece uma análise criteriosa e multidisciplinar sobre o papel do hidrogênio de baixo carbono no cenário internacional — e, sobretudo, sobre as condições singulares que posicionam o Brasil como um player estratégico nesse novo mercado.
A obra parte de uma constatação histórica: apesar das promessas iniciais, o hidrogênio ficou em segundo plano frente ao avanço dos veículos elétricos a bateria. No entanto, o momento atual é distinto. O impulso pela descarbonização profunda dos sistemas energéticos — especialmente em setores industriais e de transporte pesado — resgatou o interesse global por essa fonte, agora com respaldo técnico, político e comercial robusto. Países como Japão, Estados Unidos e os membros da União Europeia já estruturam políticas públicas voltadas à construção de economias do hidrogênio, com investimentos em tecnologias de produção, infraestrutura e aplicações comerciais em larga escala.

Oportunidade brasileira: vantagens estruturais e desafios de articulação institucional
Para o Brasil, o livro aponta uma confluência rara de fatores favoráveis. O país conta com uma matriz elétrica majoritariamente renovável, alto fator de capacidade solar e eólico, infraestrutura robusta de transmissão e logística portuária desenvolvida — elementos que o credenciam como potencial exportador de hidrogênio renovável no médio e longo prazo. Essa conjuntura abre espaço para a criação de uma nova commodity energética nacional, ancorada em práticas sustentáveis e voltada para mercados exigentes em critérios ambientais.
Contudo, o livro não subestima os desafios. A construção da chamada “economia do hidrogênio” requer articulação entre múltiplas esferas institucionais: agências reguladoras, formuladores de políticas públicas, universidades, setor industrial e fontes de financiamento. Para isso, os autores propõem o fortalecimento de um arcabouço técnico-regulatório nacional, sustentado por uma plataforma integrada de avaliação de projetos de hidrogênio, desenvolvida no âmbito do Programa de P&D da ANEEL e financiada pela Energy Assets do Brasil. A ferramenta permite simular diferentes arranjos produtivos, logísticos e de uso final do hidrogênio, com base em indicadores técnicos, ambientais e econômicos, e é concebida como um sistema dinâmico, em constante atualização tecnológica.
Com linguagem precisa e visão estratégica, A Economia do Hidrogênio se posiciona como obra de referência para pesquisadores, empreendedores, formuladores de políticas e investidores que vislumbram no hidrogênio uma resposta concreta aos desafios da transição energética — e uma oportunidade rara de reposicionar o Brasil no epicentro das cadeias globais de energia limpa.





